quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Maquete 01 - Haras Larissa

Os avanços tecnológicos são muito importantes para o desenvolvimento do nosso trabalho.

As ferramentas disponíveis tornaram a compreensão gráfica mais
acessível para profissionais e, principalmente para que os clientes visualizem os projetos de maneira mais realista.

Sem dúvidas constituem grande avanço na arte projetual!

Há, entretanto, uma ferramenta projetual que é uma arte por excelência:
A arte de produzir maquetes físicas.

Tem um viés de escultura, também de pintura, enfim um grande trabalho manual.

Nessa série de maquetes que elaborei para o atelier começo pelo Haras Larissa.
CAPA



VISTA GERAL


VISTA SUDOESTE

VISTA SUL



VISTA SUDESTE



VISTA LESTE



VISTA LESTE AO ENTARDECER



VISTA SUDESTE AO ENTARDECER


VISTA NORDESTE AO ENTARDECER

Essa arte de explicar a volumetria é insubstituível num projeto.Você pode escolher o ponto de vista que quiser e a partir dele produzir imagens muito interessantes!

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Brasil Copa 2014 – Olimpíada Rio 2016

Congratulo-me com todos aqueles que tornaram possíveis esses enormes feitos.


Como brasileiro muito obrigado!

Agora é trabalhar!

Nosso país torna-se um dos principais protagonistas da história da humanidade. Quem diria!


E, tanto ainda por fazer...


Copa do Mundo


Embora a Copa do Mundo seja o grande evento merco-esportivo, inegável reconhecer a importância de seu objetivo principal, a confraternização dos povos através do futebol.
Imensurável o mérito do carioca João Havelange, sétimo presidente da Fifa, que expandiu essa modalidade esportiva no mundo todo, como jamais fizeram seus antecessores, tornando-a uma forma de expressão humana universal.
O que ocorreu e ocorrerá de relevante nas duas últimas edições, uma realizada e outra a realizar:
2006 na Alemanha - uma grande campanha internacional para promover a paz e a tolerância entre jovens através do futebol.
2010 na África do Sul – um povo muito sofrido que realiza um evento muito alegre, como pudemos testemunhar com a Copa das Confederações, prévia do grande evento que se aproxima.


Olimpíadas verdes


Poucos eventos em nosso planeta alcançam a magnitude de uma olimpíada.
Durante 2 semanas seguidas o foco das atenções do mundo estará na localidade onde eles se realizarão.
2000 Sydney – olimpíada verde
A partir de 2000 verificamos que os valores preconizados pelo Relatório Brundtland (1987) passaram efetivamente a integrar a realidade da atuação humana.
Passaram a fazer parte dessa realidade o uso da energia solar, renovável, reciclagem e redução do lixo e de emissões de poluentes, economia de água e de energia.
Não há retorno! O que se esboçou em Atlanta, com a seleção do lixo, em Sydney tornou-se meta:
"Um ambiente saudável é fundamental para o esporte". E, lógico, para a humanidade.
A baia de Homebush o maior esgoto da Austrália tornou-se um parque natural.


Na Grécia em 2004, cerca de 290 mil árvores foram plantadas em Atenas, com concentração nas redondezas de todas as sedes olímpicas.
Na China em 2008, os investimentos em transporte coletivo elevaram de 180 dias, em 2007, para 274 “dias azuis” no ano seguinte – dias de baixa contaminação do ar. Além da construção de 8.800hectares de espaços verdes.


Sustentabilidade


Chegou a hora do Brasil mostrar sua cara.
Nós que temos a melhor matriz energética do mundo, temos um ponto de partida invejável.
Tanto na Copa como na Olimpíada havemos de mostrar ao mundo a que viemos.
A prioridade das energias renováveis sobre as não-renováveis é um bom início. Um tanto quanto óbvio, entretanto.
Energias solar, biomassa, eólica devem ter marcantes presenças.
Alta performance energética dos equipamentos; com ênfase nos de iluminação. Os LEDs e OLEDs virão, sem dúvidas, contribuir para resolvermos o binômio consumo x performance. Acrescerá grande ganho de alta qualidade de luz.
Consumo de água sem desperdícios, reutilização de água de chuva.
Tratamentos de águas servidas e sua emissão no ambiente.
Transportes coletivos confortáveis que emitam pouco CO2 na atmosfera.
Despoluição de rios e lagoas dos grandes centros onde ocorrerão os eventos.
Criação de parques democráticos (sem gradis) principalmente nas áreas dos vazios urbanos e ao longo dos rios dos grandes centros. Esses são locais onde ocorrerá a fixação de CO2 tão necessária à vida urbana. E. que poderão proporcionar ambientes em que as espécies nativas em risco se tornem viáveis no futuro. Assim, flora e fauna serão contempladas com as intervenções adequadas.
Materiais de boa performance energética:
Além de todos os materiais construtivos existentes no mercado, temos ainda, a grande chance de recuperarmos alguns materiais construtivos, como a taipa de pilão, que faz parte da nossa cultura primordial, e que relegamos a um segundo plano pelo pouco conhecimento e seu desuso.
Poucos materiais têm a inércia térmica da argila, além de sua propriedade de conforto acústico – e que o mundo anda a pesquisar intensamente. Como o fizeram Frank Lloyd Wright em 1941, Lúcio Costa em 1934 e tantos outros importantes arquitetos que reverenciamos.
Um só exemplo do que preconizo como boa Arquitetura em Terra Contemporânea:
















Oaxaca School of Plastic Arts by Arq. Mauricio Rocha

E. que no CEPA – Centro de Educação e Pesquisas Ambientais desenvolvemos – como pode ser visto em www.ocepaeaarquiteturaemterra.blogspot.com
O desenvolvimento de técnicas de plantio orgânico servirá para a minimização do transporte de materiais, tais como o solo utilizado no plantio – que parcialmente, pelo menos, poderia ser um solo trabalhado no próprio local. Aquele que oriundo do local do empreendimento, sofrerá pequeno deslocamento e será melhorado durante a execução do referido empreendimento para, na época de plantio, servir de substrato. E, que hoje é totalmente descartado.
Temos uma rara e única oportunidade de realizarmos dois eventos internacionais onde o conhecimento e as tecnologias propiciarão grandes e duradouras transformações em nosso país.
Bem-vindas, Copa do Mundo 2014 e Olimpíadas Rio 2016!

domingo, 8 de março de 2009

O Jardim do Político Inepto



PEREGRINAR ATÉ UM ANTIGO E LENDÁRIO JARDIM DA CHINA ajudou muitos e muitos visitantes a compreender o grande valor que os amantes do Belo dão aos objetos de SEU olhar. Há muitos anos, fui visitar esse local, o Jardim do Político Inepto, na cidade chinesa de Suzhou. Diz a lenda que um príncipe daquela terra queria dar toda a atenção ao seu jardim. Como era também um jogador, de costumava convidar seus vizinhos para se entreterem em jogos de azar num belvedere que dava vista para toda a propriedade. Desse modo, o príncipe conseguia passar horas agradáveis rodeado por suas belas árvores e plantas. Com o tempo, aquele venerável político imaginou que se pudesse encontrar uma maneira de ser declarado inepto, seu povo aceitaria sua abdicação da vida pública e ele poderia dedicar o resto da vida ao seu jardim. Durante uma partida especialmente intensa no jardim, ele sabiamente deu um jeito de perder metade de suas propriedades para o vizinho e com isso provou ser inepto. E então se retirou das funções públicas. Embora o vizinho vitorioso tenha construído um muro para separar as terras que acabara de ganhar no jogo, o belvedere continuava, como antes, nas terras do príncipe agora aposentado que jogara e perdera. O vencedor nunca percebeu que o Político Inepto continuava a desfrutar todo o panorama como antes, mas agora só era responsável pelo trato e manutenção da metade, à qual de alegremente dedicou o restante de sua vida na Terra.
Um dos significados desta lenda é que as coisas belas que vemos pertencem a todos nós, e que às vezes elas estão aos nossos cuidados somente por algum tempo.

Trecho extraído do livro “Árvores Ornamentais na cidade de São Paulo” – Jean Irwin Smith
Ed. Terceiro Mundo – segunda edição

Nasci e fui criada numa pequenina cidade do interior paulista. Da infância ao começo da adolescência, caminhei pelas propriedades vizinhas e caminhei por seus bosques.
Hoje compreendo que aceitei como natural o profuso florescer daqueles jardins, especialmente durante o período da Quaresma. Aquele renascimento anual era uma ocorrência natural, familiar para mim, até que fui morar algum tempo nos Estados Unidos. E então comecei a notar o contraste entre a região semitropical do Hemisfério Sul, onde vivi, e o clima de Nova Iorque. Por fim, voltei a morar no Brasil e agora eu caminho todas as manhãs e presto atenção nas mudanças às vezes sutis, às vezes dramáticas, das árvores que florescem ao longo do ano.
O livro citado acima contém belíssimos detalhes de árvores que encontramos ao caminhar por São Paulo. Espero que gostem e se inspirem.
Leila Leme

Os imagens acima, também extraídas do mesmo livro são de uma
Schefflera-gigante / Octopus Tree

ARALIACEAE Brassaia actynophylla

PROPAGADA AOS MILHARES POR TODA PARTE, COMO convém a uma das principais plantas de interior do mundo, a schefflera - como é familiarmente conheci¬da esta árvore - nada nos sugere de seu pleno potencial até a vermos crescer sem restrições num jardim subtropical. Em seu habitat natural, as florestas tropicais da Nova Guiné, Java e Austrália, ela se torna uma árvore alta, alcançando até vinte metros. No Brasil, já a vi atingir quinze metros. O nome de sua espécie provém das palavras gregas actin (que significa raio de luz) ephylla (que significa folha), descrevendo assim a maneira pela qual os folíolos se irradiam a partir de um ponto central. Os ramos flexíveis e castanhos, e mais tarde lenhosos, terminam no topo com uma roseta de folhas compostas, palmadas e cada vez maiores, que formam copas simétricas, semelhantes a guarda-chuvas, as quais, na planta adulta, atingem um metro de diâmetro. Ao longo da primavera e do verão ocorre um fenómeno floral extraordinário no centro de cada grupo de folíolos — uma série de hastes florais curvas e retorcidas, que se parecem exatamente aos tentáculos de um polvo. Nas hastes crescem cachos redondos de flores carregadas de mel, com pétalas vermelho-vinho que se transformam em frutos roxos. Esses frutos contêm inúmeras sementes capazes de gerar novas plantas, mas é mais fácil e rápido propagar as novas plantas a partir de estacas.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Cenógrafo a ceu aberto



Perfil


Em uma estante meio desorganizada, atrás de sua mesa de trabalho, num escritório sem pose nas proximidades do viaduto Antártica, em São Paulo, o paisagista Sergio Santana guarda um de seus tesouros: a dedicatória carinhosa, escrita com a letra irregular e esparramada de Roberto Burle Marx, num livro sobre sua obra. “Para Sergio Santana, toda a amizade, com admiração pelo que você está realizando no terreno das artes”. O homem que decretou a nobreza da vegetação tropical, por tanto tempo preterida no Brasil em benefício de imitações de jardins europeus, e uma referência forte no trabalho de Santana, mas ele atua num mundo que tem novas exigências. Muita coisa mudou desde que homens como Burle Marx, Niemeyer e Lucio Costa desenharam em suas pranchetas o Brasil moderno.
Mais que paisagista, Sergio Santana e um arquiteto de paisagem - parece uma imagem poética, mas é o nome de uma profissão, que mistura sensibilidade e imaginação com racionalidade e cálculo. São de sua responsabilidade, além dos jardins, a topografia, a posição dos edifícios no terreno, a circulação em torno deles, a drenagem do solo, o desenho dos pisos e tudo que precisar ser detalhado a partir do plano diretor. Como um cenógrafo a céu aberto, ele está preparado também para reinventar a paisagem quando a natureza não oferecer sozinha suficientes atrativos.
Foi assim, por exemplo, que ele transformou em aprazível zona residencial o panorama melancólico - “quase lunar”, como ele descreve - de uma mina de ferro exaurida, nos arredores de Belo Horizonte, hoje, o bairro das Águas Claras. Ou que fez surgir, num parque no centro de Dallas, o Pioneer Park, uma amostra da natureza do Texas nos primórdios de sua história - com direito a uma manada de búfalos de bronze.

Arte, arquitetura e paisagem.

Em geral, sua tarefa e garantir uma indispensável dose de encanto a locais que, sem isso, poderiam sucumbir ao tédio ou à severidade. Seus jardins pontuados por gazebos, quedas d’água e riachos são atrações, por exemplo, nos Open Malls da Barra da Tijuca e do bairro de Aldeota, em Fortaleza; e no Millenium Office Park, em São Paulo. Mas, quando existe uma natureza local, sua tarefa e freqüentemente adaptar-se a ela e zelar o mais possível pela sua vocação. Foi o que buscou em imensos condomínios residenciais na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, como o Novo Mundo e o América’s Park. Em seu projeto, Santana cuidou de preservar a vegetação de restinga e de evitar qualquer espécie que pudesse invadir e descaracterizar a mata local. “É a filosofia da preservação e a da sensatez, porque as espécies nativas são também as mais fáceis de manter”.
Em 1971, recém aprovado no vestibular para o curso de engenharia civil, em São Paulo, foi para os Estados Unidos fazer um curso de inglês na cidade de Baton Rouge, na Louisiana. Uma professora contou-lhe que a Louisiana State University tinha o melhor curso de arquitetura de paisagem do país e Santana quis saber mais. Nos folhetos que encontrou sobre um balcão da secretaria, viu fotografias de praças e parques e uma imagem de Brasília. Teve a dupla revelação de que existia essa especialidade e de que era isso que ele queria fazer na vida. Naquela altura, Santana não tinha recursos para pagar uma faculdade particular.
Foi um professor, entusiasmado com seus desenhos, que o financiou nos primeiros anos. Ele acabou vivendo 19 anos nos Estados Unidos, onde assinou grandes projetos, como o Arboretum do Jardim Botânico de Dallas, o paisagismo da Central Expressway dessa cidade, jardins de centros empresariais e de residências. Em 2003, foi um dos oito contemplados com uma bolsa da Universidade de Harvard para arquitetos de paisagem com dez a vinte anos de experiência. No currículo, que ele próprio montou, explorou as relações entre arte, arquitetura e paisagem.


Um ritmo frenético de trabalho

Santana travou contato com Burle Marx ao fazer um estágio em seu escritório, quando ainda era estudante em Baton Rouge. Pouco depois, numa viagem do paisagista aos Estados Unidos, a faculdade o encarregou de convidá-lo para uma série de palestras, e Santana tratou de desdobrar a programação em outros encontros com profissionais norte-americanos.
Ficaram grandes amigos, e cada visita de Santana ao Brasil desde então incluiu uma pequena temporada no famoso sítio de Guaratiba. “Eu saia de Iá cheio de adrenalina, louco para desenhar”, conta. Às vezes lhe volta à lembrança a cena de uma entrevista de Burle Marx a uma rádio de Dallas. “Perguntaram a ele quantas espécies de árvores havia no Brasil e ele respondeu: “Umas 2 ou 3 mil espécies só no Rio.” O entrevistador, boquiaberto, informou que em Dallas não havia mais que 20 espécies. “Quero fazer tudo o que estiver ao meu alcance para ajudar a preservar essa riqueza”, diz Santana.
Reverenciar a natureza tem sido o seu cuidado, também, no projeto da fazenda Santo Antônio, em Sumaré, a 100 quilômetros de São Paulo, que vai transformar em condomínio residencial uma fazenda que abrigava um grande haras. “É um lugar de topografia suave que proporciona belas vistas; não necessita de grandes interferências”, observa. “Além disso, a natureza foi bem tratada ali. “Ele cuidou de tirar partido, por exemplo, das fileiras de belíssimas sibipirunas, ipês e paus-ferros que serviam de fronteira entre os diversos espaços do haras.
Novos jardins, a entrada de cada área residencial, sendo o ponto de partida das ruas e, em torno da antiga sede, o paisagismo vai ser adaptado para a circulação de um público mais numeroso. Ali, Santana pretende adaptar uma idéia que já havia sido usada no projeto de Snowmass, em Aspen, nos Estados Unidos - os envelopes de implantação. “Apesar do nome estranho, o conceito desses envelopes e simples: privilegiar corredores visuais de acordo com a paisagem já existente”, explica. “Quando o cenário do empreendimento é naturalmente bonito, fica muito feio padronizar a ocupação dos lotes”.
Outro projeto paisagístico que leva a assinatura de Santana e o da vila dos Jogos Panamericanos, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, onde 17 edifícios vão abrigar 1.480 apartamentos, numa área de 148 mil metros quadrados. Nesse caso, ele precisava implantar na planície vazia um cenário que, embora novo, fosse um cartão-postal da natureza brasileira. Para isso, vai contrapor ao verde manchas de cores intensas, que considera um dos traços mais atraentes das nossas matas. Uma operação gigantesca já esta em curso, para trazer de viveiros não apenas do Estado do Rio, mas também de São Paulo e do Espírito Santo, 2.200 plantas do bioma tropical. Walter Doering, que há mais de dez anos executa os projetos de Santana, com sua empresa de jardinagem, já está em campo há meses. “É difícil acompanhar o ritmo dele”, declara Doering. “Sergio trabalha furiosamente”.

Sem tempo de fazer o próprio jardim

“Ele é um artista da exuberância e das linhas sinuosas”, acrescenta o arquiteto Sérgio Gatáss, parceiro de Santana em diversos projetos no Rio de Janeiro. “Santana é o anti-Bauhaus”. Os modernistas, fiéis ao estritamente natural, talvez se horrorizassem com alguns recursos dos jardins de Santana, como pedras artificiais, moldadas com isopor e construídas com resina e chapisco. Mas, como aponta Gatáss, Glaziou, o paisagista da missão francesa, que desenhou, no começo do século XIX, o Passeio Público do Rio de Janeiro, não fazia a menor cerimônia em construir pequenas grutas e pontes com pedras de cimento. “E Brasília seria uma cidade totalmente diferente se Lucio Costa não tivesse pensado num lago artificial, o lago de Paranoá”, diz o arquiteto.
Para Sergio Santana, as questões ambientais no Brasil avançariam com uma legislação mais estimuladora do que punitiva: “A urbanização chegaria a resultados melhores se encorajasse a expandir com qualidade. Do jeito que é hoje, promove a concentração e os problemas”. Ele cresceu em São Paulo, mas passou as férias da infância na fazenda do avô,no sul de Minas. Paisagem e prazer se associaram para sempre em sua vida em demorados trajetos em carro de boi, em que viajava sentado sobre o café colhido. Os passeios se encerravam gloriosamente: a caçamba era inclinada para despejar seu conteúdo - a carga e o passageiro – na água fria do tanque de lavagem.
Olhando a confusão de São Paulo, ele sonha com uma campanha contra o cinza, pela plantação maciça de heras e trepadeiras. “Se pelo menos tirassem os anúncios das Paredes dos prédios já melhoraria um pouco”, suspira. Instalado há pouco numa casa na Vila Madalena, em São Paulo, ele ainda não teve tempo para pensar em seu próprio jardim. Mas foi brincando outro dia com as primeiras flores de um jacarandá à porta de sua casa. Sua admiração pela natureza nativa só faz crescer.

por Marta Góes - outubro 2006