domingo, 8 de março de 2009

O Jardim do Político Inepto



PEREGRINAR ATÉ UM ANTIGO E LENDÁRIO JARDIM DA CHINA ajudou muitos e muitos visitantes a compreender o grande valor que os amantes do Belo dão aos objetos de SEU olhar. Há muitos anos, fui visitar esse local, o Jardim do Político Inepto, na cidade chinesa de Suzhou. Diz a lenda que um príncipe daquela terra queria dar toda a atenção ao seu jardim. Como era também um jogador, de costumava convidar seus vizinhos para se entreterem em jogos de azar num belvedere que dava vista para toda a propriedade. Desse modo, o príncipe conseguia passar horas agradáveis rodeado por suas belas árvores e plantas. Com o tempo, aquele venerável político imaginou que se pudesse encontrar uma maneira de ser declarado inepto, seu povo aceitaria sua abdicação da vida pública e ele poderia dedicar o resto da vida ao seu jardim. Durante uma partida especialmente intensa no jardim, ele sabiamente deu um jeito de perder metade de suas propriedades para o vizinho e com isso provou ser inepto. E então se retirou das funções públicas. Embora o vizinho vitorioso tenha construído um muro para separar as terras que acabara de ganhar no jogo, o belvedere continuava, como antes, nas terras do príncipe agora aposentado que jogara e perdera. O vencedor nunca percebeu que o Político Inepto continuava a desfrutar todo o panorama como antes, mas agora só era responsável pelo trato e manutenção da metade, à qual de alegremente dedicou o restante de sua vida na Terra.
Um dos significados desta lenda é que as coisas belas que vemos pertencem a todos nós, e que às vezes elas estão aos nossos cuidados somente por algum tempo.

Trecho extraído do livro “Árvores Ornamentais na cidade de São Paulo” – Jean Irwin Smith
Ed. Terceiro Mundo – segunda edição

Nasci e fui criada numa pequenina cidade do interior paulista. Da infância ao começo da adolescência, caminhei pelas propriedades vizinhas e caminhei por seus bosques.
Hoje compreendo que aceitei como natural o profuso florescer daqueles jardins, especialmente durante o período da Quaresma. Aquele renascimento anual era uma ocorrência natural, familiar para mim, até que fui morar algum tempo nos Estados Unidos. E então comecei a notar o contraste entre a região semitropical do Hemisfério Sul, onde vivi, e o clima de Nova Iorque. Por fim, voltei a morar no Brasil e agora eu caminho todas as manhãs e presto atenção nas mudanças às vezes sutis, às vezes dramáticas, das árvores que florescem ao longo do ano.
O livro citado acima contém belíssimos detalhes de árvores que encontramos ao caminhar por São Paulo. Espero que gostem e se inspirem.
Leila Leme

Os imagens acima, também extraídas do mesmo livro são de uma
Schefflera-gigante / Octopus Tree

ARALIACEAE Brassaia actynophylla

PROPAGADA AOS MILHARES POR TODA PARTE, COMO convém a uma das principais plantas de interior do mundo, a schefflera - como é familiarmente conheci¬da esta árvore - nada nos sugere de seu pleno potencial até a vermos crescer sem restrições num jardim subtropical. Em seu habitat natural, as florestas tropicais da Nova Guiné, Java e Austrália, ela se torna uma árvore alta, alcançando até vinte metros. No Brasil, já a vi atingir quinze metros. O nome de sua espécie provém das palavras gregas actin (que significa raio de luz) ephylla (que significa folha), descrevendo assim a maneira pela qual os folíolos se irradiam a partir de um ponto central. Os ramos flexíveis e castanhos, e mais tarde lenhosos, terminam no topo com uma roseta de folhas compostas, palmadas e cada vez maiores, que formam copas simétricas, semelhantes a guarda-chuvas, as quais, na planta adulta, atingem um metro de diâmetro. Ao longo da primavera e do verão ocorre um fenómeno floral extraordinário no centro de cada grupo de folíolos — uma série de hastes florais curvas e retorcidas, que se parecem exatamente aos tentáculos de um polvo. Nas hastes crescem cachos redondos de flores carregadas de mel, com pétalas vermelho-vinho que se transformam em frutos roxos. Esses frutos contêm inúmeras sementes capazes de gerar novas plantas, mas é mais fácil e rápido propagar as novas plantas a partir de estacas.

Um comentário:

  1. Leila, parabéns pelo seu post! Esta cheio de informações interessantes e a lenda é linda..

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